terça-feira, 11 de maio de 2010

HORÁRIOS



dia 17/5 - Generos literários - Miniauditório 2, das 9 às 14, com exibição
de filme para debate.

dia 24/5 - Ecocrítica - Miniauditório 2, das 9 às 14

dia 31/5 - Poesia e Música - Miniauditório 1, das 9 às 14

dia 7/6 - Encerramento, com o Recital festivo de Rafaela.

sábado, 24 de abril de 2010

Alice for the iPad



Na apresentação O que é Literatura Eletrônica?, surgiu a dúvida sobre a aplicabilidade dos textos em novos suportes como o Kindle e o iPad. Neste breve vídeo podemos ver o quanto a questão é ainda complexa, e que o "livro" pode se tornar um excelente "brinquedo", trazendo um atrativo a mais para as crianças e leitores desta geração.

Fabiana Móes









O ANTICRISTO, O ECOFEMINISMO E O GÊNERO PICTÓRICO NATUREZA-MORTA


Victor Costa da Silva


Lars Von Trier, cineasta dinamarquês, inserindo-se nas temáticas do feminismo, dá enfoque a tipos de mulheres, todas elas personagens centrais de seus filmes, que passam por uma série de violências morais e corporais por conta da hierarquização dos poderes simbólicos permeados nas sociedades machistas, como em diversos filmes de sua autoria e direção. É no filme o Anticristo que poderemos apreender, por exemplo, uma visão bem original da leitura do gênero pictórico natureza-morta, com a troca dos papéis e hierarquias.

O filme o Anticristo retrata a história de um casal que perde seu filho pequeno e encontra os demônios interiores no Éden. Seria, na verdade, um drama psicossexual, com apenas dois personagens (Ele, interpretado por Willen Dafoe, e Ela, encenada por Charlotte Gainsbourg).O filme começa em câmera ultra lenta, em preto e branco, com os dois personagens mantendo relações sexuais, enquanto o filho pequeno passeia pela casa e morre ao cair de uma janela.

A mãe, diante do ocorrido, sente-se culpada durante todo o filme e começa a ter visões de um provável momento em que o filho presencia a cena, e em que ela prefere continuar com o marido na sua experiência sublime do prazer sexual, ao invés de socorrê-lo: uma atitude de mãe desastrosa, condenável, individualista e pérfida.

Ela (a nova Eva), pesquisadora e historiadora, entra em depressão diante do acontecido, e o marido tenta tratá-la, já que é terapeuta. Ele, o novo Adão, tentando descobrir as coisas que mais aterrorizam a sua esposa, observa que é uma cabana longínqua de campo que o casal possui, denominada de Éden, repleta de bosques e árvores frondosas, o lugar que Ela tem mais medo. Ele tenta fazer o tratamento de sua esposa no Éden, ficando, assim, assegurado de que não se fará qualquer prática de caráter sexual até os resultados da terapia serem proveitosos. O restante de toda a história se passará nesta mesma cabana situada em uma ambientação que suscita o mundo natural aos moldes já mencionados da Ecocrítica.

Nessa natureza selvagem, Ela quer quebrar o juramento feito com o marido e, a qualquer custo, deseja se relacionar sexualmente com o mesmo. O desejo doentio de que essas práticas se concretizem seria visivelmente a metáfora do fruto proibido no Éden, já que Ela não poderia se relacionar com Ele, seu terapeuta, durante o tratamento. O casal é tomado por seus complexos pessoais através do contato com a natureza. A experiência do sublime, na mulher do filme, principalmente nas atividades sexuais, evidenciam, de certa forma, o impulso para a morte ou a tanatocracia que será advinda com as mutilações de diversas espécies: pernas perfuradas por brocas mutilação genital, ejaculações sangrentas e violências impiedosas cometidas não só contra o marido, mas consigo própria.

A Natureza, para Ela, é a Igreja do Diabo. A ideia de que a natureza é má é fundamental na construção do filme. A mulher, por consequência, é má, se associada à natureza, e é falsa em todas as ações, conclusões tiradas pela personagem do filme. De uma forma implícita, Ela nos mostra que a natureza é igual à mulher, e o homem é o causador dos impactos de sua vida, podendo perceber, assim, uma visão ecofeminista.

Mesmo promovendo atividades para ajudar a sua esposa a superar o trauma, o marido não será poupado por Ela. A mulher se culpa pela morte negligente da criança, e essa culpa é uma sensação do sublime que a condição existencial da mulher carrega por milênios, desde o pecado original. Vale ressaltar que no Éden primitivo a noção do pecado original se deu com o fruto proibido, a maçã. Já nessa nova releitura que o filme disponibiliza do Paraíso, o fruto proibido é a mulher, com sua inacabável culpa, que quer expurgar as suas aflições através da prática sexual.

Todas as passagens de mutilação sexual no Anticristo são realizadas com a iniciativa da mulher, uma vez que é só com o sangue jorrando, da forma mais tétrica e macabra, que ela poderá reconstruir e impor a imagem da mulher dominadora ao homem, vendo-o como um ser de sexo frágil, uma postura contundentemente feminista. Porém, enquanto a mulher enlouquece e se degenera, ávida por sexo, o homem se torna um ser calculista, tentando, assim, resolver a crise psicológica com o raciocínio.

Essa mulher precisa ser condenada, ela deve alçar voo à liberdade e tirar um pouco do seu mais íntimo esse sentimento de culpa que é perpetuado por gerações e gerações e que contaminam milhões de mulheres. Qual seria, pois, a condenação de uma pessoa que se culpa e se auto pune constantemente? Lars Von Trier, longe de ser um diretor misógino, vai condenar Ela através do estrangulamento feito por Ele no desfecho do filme: essa será a redenção da mulher bruxa, da mulher que se massacra diante de nossa sociedade extremamente machista.

Com a morte da mulher, Ele sobe uma montanha e encontra todas as mulheres mortas no Éden, libertando-as: eis um momento sublime de redenção do feminino. Assim, fica aberta a porta para que o homem lide com as mulheres reais tal como são, de igual para igual, sem resquícios de sentimento de culpa e ressentimentos que porventura ainda persistam na nossa sociedade patriarcal.

De uma forma geral, o que se percebe nos filmes desse cineasta é que as mulheres se comportam como verdadeiras petrificadoras de olhares e como apreciáveis medusas em relação ao universo masculino, que violenta os seus corpos e suas honras e dignidades, levando–se em consideração que esses discursos sexistas habitam os corpos das mulheres. Sendo assim, os corpos das mulheres falam gritantemente esses discursos velados e silenciados.

A mulher, em O Anticristo (2009), filme que se aproxima com um posicionamento ecofeminista, vive, como vimos, experiências as mais diversas de sublimação em um espaço que beira o mundo natural bíblico e, assumindo o papel da medusa, espacializa o homem em uma arte contundentemente temporal, colocando o corpo masculino em uma espécie de natureza-morta móvel, altamente passivo e recluso de seu mundo aventureiro, através do sentimento de culpa cristão, veiculado desde o Pecado Original, que avassala os comportamentos humanos até os dias de hoje.

A releitura do gênero da natureza-morta aqui poderia ser vista em uma grande metáfora da imobilidade do homem diante de tantos acontecimentos que permeiam o feminino e diante de sua atitude covarde de tentar silenciar a medusa, matando-a violentamente, assim como ocorre na narrativa mitológica.

A medusa seria o modelo, como diz o crítico literário Mitchel (1994), de uma interpretação da imagem realizada pelo feminino perigoso que persiste em silenciar a voz masculina e impor o seu olhar observador. Seria, pois, o olhar de que o homem é o grande causador dos impactos na vida da mulher e o olhar de que o sentimento de culpa que avassala a existência feminina deve ser expurgado diante de vários castigos que precisam ser cometidos contra ele, o que é bem perceptível no filme em questão.

quinta-feira, 15 de abril de 2010




















Literatura e Intersemiose: Grupo Ornithorhynchus de Literatura e outras Linguagens
Coordenação geral: Profª Drª Ermelinda Maria Araújo Ferreira

Atividades para 2010.1

1 – Mostra de filmes: Da impossibilidade do Paraíso
Coordenação: Fernando Mendonça, Fabiana Móes, Michelle Valois

2 – Encontros em Abril:

1. O que é Literatura Eletrônica? – dia 14/4 às 9 h no Miniauditório 1
Coordenação: Fabiana Móes, Poliana Oliveira, Rafaela Cruz

2. O que é Literatura Potencial? – dia 23/4 às 9 h no Miniauditório 2
Coordenação: Adilson Jardim

3 – Encontros em Maio:

1. O que é Literatura Especulativa? – dia 10/05
Coordenação: Germano César, Lucas Antunes, Igor Bandim, Pedro Reis, Angélica Guilherme da Silva
local: mini-auditório 2

2. Como entender os Gêneros Literários na atualidade? – dia 17/05
Coordenação: Fernando Mendonça, Newton de Castro, Marta Milene
local: mini-auditório 2

3. O que é Ecocrítica e como trabalhar sob esta rubrica? – dia 31/05
Coordenação: Fernando Oliveira, Priscila Varjal, Victor Costa
local: mini-auditório 1

4. Como entender a Canção e a Performance nos estudos literários? – dia 07/06
Coordenação: Conrado Falbo, Arnoldo Guimarães, Lucas de Freitas
local: mini-auditório 1

16/06 - Encerramento
local: mini-auditório 1

segunda-feira, 5 de abril de 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010


O Grupo de Estudos em Intersemiose, da Pós-Graduação em Letras/UFPE, convida os interessados para sua primeira mostra de filmes. O objetivo do grupo é debater as relações do homem e da natureza com as outras áreas do conhecimento (para irmos além das questões puramente estéticas e metafóricas).

sábado, 24 de outubro de 2009

Literaturas Eletrônicas


Vídeo Poema, Fanfic, Flash Poema: Literaturas Eletrônicas?
Fabiana Móes Miranda

A cibercultura e o redimensionamento das perspectivas textuais relacionados aos hipertextos têm trazido vários questionamentos para a crítica literária. Neste contexto, uma diversidade de textos literários é apresentada sem que se torne claro, a primeira vista, quais são os diferenciais que surgem juntamente com estas obras. Aqui, quero apenas demonstrar algumas das “complexidades” que envolve a literatura na era digital.


Podemos começar verificando algumas situações encadeadas: a) os textos literários digitais surgem num contexto específico da cultura contemporânea; b) no contexto da cultura contemporânea há a necessidade da convergência de mídias; c) a convergência de mídias impõe ferramentas e suportes específicos para a sua realização; d) a realização das mídias no ciberespaço cria novas modalidades semióticas.


Levando em consideração o que foi dito acima, podemos verificar a que texto eletrônico estou me referindo pela forma como esses fatores se articulam. Se pensarmos em questões de gêneros textuais talvez fique mais claro definir os textos que surgem no ciberespaço em sua diversidade e pluralidade.


Podemos colocar todos estes textos no amplo gênero da literatura eletrônica – aquela possibilitada por um meio eletrônico (celular, ipod, câmeras digitais, etc.) – mas, precisamos definir os “subgrupos”. Alguns podem se estruturar a partir da recepção literária (como as fanficções), outros podem ser híbridos, se estruturando a partir de um texto pré-existente, inédito ou não, e a partir da transposição imagética e sonora para o espaço virtual (vídeo poemas); há os que se estruturam apenas por meio da máquina (programas de composição aleatória de textos) e ainda, textos totalmente estruturados na interação homem/máquina (como a ergódica, ou seja, aquela que precisa de interferência do autor/leitor).


Construir um vídeo poema requer tantas “autorias” quanto construir um fanvídeo ou um flash poema (poema digital). O que precisamos, entretanto, é entender qual a “função” destas autorias. Um flash poema tem, além do autor, um recurso (programa) da qual depende totalmente a realização do seu texto; Um fanvídeo depende de uma comunidade relacionada à fancultura (desde amantes de livros até fãs de séries de TV) e à interatividade online; No vídeo poema, ou um poema por celular, o autor (que faz o texto) requer o meio eletrônico (câmera, etc.) e, por vezes, um encarregado da produção (edição, montagem, etc.)


O que pudemos perceber até aqui é que a produção literária eletrônica é um campo vasto e que necessita de um “avanço” dos estudos críticos.


Nesta Babel de textos eletrônicos, tudo parece impreciso e, apesar disto, possui regras próprias bem definidas. Neste contexto, precisamos definir o texto eletrônico e o hipertexto. Esta diferenciação parece desnecessária já que o todo hipertexto é um texto eletrônico, mas temos que admitir que nem todo texto eletrônico é um hipertexto. Podemos observar que os blogs literários são formas hipertextuais (já que comportam links e escrita para o espaço virtual) e, assim, permitem modos de interação (comentários, revisões, recortes/acréscimos, exclusão, além de toda a formatação e publicação). Um texto eletrônico, muitas vezes é uma composição definitiva (vídeo poema; flash poema) que não necessita de intervenção e só necessita ser colocada online para assumir sua condição virtual.


Outra questão que posso ressaltar é a configuração semiótica presente, de formas diferentes, nestes textos eletrônicos. O hipertexto consegue agregar multimídias em seu “corpo”, mas não integra de forma uniforme estas diversas estruturas, por isso encontramos sites que arquivam vários modos de produção de um mesmo texto. Por exemplo, uma versão digitalizada e um vídeo com a performance do autor lendo seu texto, ou imagens que se aproximem da representação do texto escrito. Esta performance também faz parte do vídeo poema que, por seu lado, não permite interferências já que é um texto determinado como um “produto final”. Entretanto, o que certos autores (HAYLES: 2008; FRUIN: 2008)* consideram literatura eletrônica é um texto que, além de integrado totalmente (texto, som, imagem), permite a interatividade com o leitor, que pode interferir no texto ou criar junto ao texto.


De certa forma, não basta uma “ferramenta” eletrônica na mão e uma idéia na cabeça. Criar enredos e dispor em meio eletrônico pode ser estudado pela ludologia (estudo dos jogos/games), mas a composição literária (que desde sempre não se contentou com lápis e papel) precisa de outros “recursos”, que poderiam ser encontrados na dinâmica texto/outras mídias na conformação de uma obra integrada. Sabemos que a literatura não precisa ser eletrônica, mas é preciso que o texto eletrônico mostre-se indispensável como literatura.
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* OLIVEIRA, Poliana Barbosa M. O que é literatura eletrônica? Monografia, UFPE: Recife, 2009.